terça-feira, 31 de maio de 2011

Dirigir é para responsáveis!

Do JMNews.com.br

A bove maiore discat arare minor. Infelizmente, no trânsito, não se observa a grande verdade pregada neste provérbio antigo. Aos novéis motoristas falta o bom exemplo dos mais vetustos. Hoje, pressa e impaciência marchetam as famílias com sangue de inocentes que, na busca pela vida, encontram os parachoques da morte. Parece faltar às escolas de trânsito (juntamente com a capenga orientação doméstica para a responsabilidade) assistência psicológica visando ao amadurecimento dos novos condutores que, em grande parte das vezes, recebem licença para dirigir, mas a usam para matar...


Todos sabem que o aumento da população, ainda que em queda, perde de goleada para a multidão de rodas, que entope cada vez mais os estritos espaços urbanos. Até a pouco mais de um século, só as rodas estrepitosas das carroças tiradas a cavalo dividiam com as pessoas os espaços das ruas e das estradas. Agora, contudo, a maioria da população reside nas cidades, e o pseudoconforto do veículo próprio multiplica a pressa e os congestionamentos.

Óbvio que os centros de formação, apesar de não serem os únicos responsáveis pelas barbeiragens em nossas vias, têm sua parcela de culpa. A busca pela sobrevivência, no amargo mundo da concorrência, acaba por nivelar por baixo a natureza dos serviços prestados por alguns. Um bom instrutor custa mais caro, e para obter seu diferencial o desembolso é maior. De outro lado, existem as exigências legais de aprovação mínima... Resta, ainda, a pressão dos alunos, principalmente dos mais jovens, por resultados quase imediatos – não sabem esperar o casulo amadurecer e exibir a linda borboleta... Examinador de trânsito que fui, após minha primeira filha habilitar-se (o exame não foi feito comigo), coloquei-a ao volante do meu carro, fomos para a rodovia e retornamos para a cidade, a partir da periferia, até estacionar numa ladeira no centro, quatro horas depois. Só então lhe confiei a direção do meu veículo. Ela dirige muito bem, e nos 16 anos como motorista nunca se envolveu em acidentes.

Cerca de metade das mortes no trânsito atinge pessoas com até 35 anos. Pesquisas e observações mostram que isto se deve ao excesso de confiança – julgam-se acima das probabilidades –, e mesmo à expectativa de vida ainda muito longa. Ocorre que as fatalidades são pontuais, não aguardam por um ano, não se guiam pelas simples possibilidades. É necessário sair dez minutos antes para não se buscá-los no acelerador. A imprudência é a madrasta cruel das dores do trânsito. Cabe à formação deficiente dos condutores e à fiscalização cambeta o triste papel de padrasto. Desta forma, Acc dit in puncto quod non speratur in anno.

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